Postagem de Luiz Carlos Nogueira
Um dos livros do estilo de
Nicolau Maquiavel, escrito há mais de 300 anos pelo Cardeal Mazarin,
sob o título “Breviário dos Políticos”
(Jules Mazarin; apresentação de Bolívar Lamounier; prefácio de Umberto Eco;
tradução de Paulo Neves. — São Paulo: Ed.34; 2ª ed., 2000), entre tantos outros
conselhos aos políticos, diz em alguns dos seus trechos:
[...]
“Se moves uma ação judicial, ou se é contra ti que ela é movida,
estando ou não certo de ter o direito do teu lado, age sempre como se o
prejuízo fosse teu. Visita os juízes, oferece-lhes presentes, convida-o à tua
mesa. Dá um jeito para encontrar mediadores que consigam um acordo amigável com
teu adversário. Com a mente repousada, reflete sobre as objeções que ele
poderia te fazer, faz uma lista meticulosa delas, e prevê tuas respostas — mas
que tudo isso permaneça absolutamente secreto. [...]” (pág. 186)
[...]
“Escolhe bem teus advogados. Sua competência e seu caráter não tem
muita importância: o essencial é que mantenham boas relações com o juiz. Dá um
jeito para que se sintam pessoalmente implicados no teu caso, a fim de que se
convençam de que também são ameaçados e que, se a parte contrária triunfar,
estarão expostos ao mesmo prejuízo que tu.”
Há por conseguinte, um outro
livro não menos digno de citação, escrito por Piero
Calamandrei: “Ele, os juízes, vistos por nós, os advogados” (tradução
de Ary dos Santos, do original em italiano “Elogio dei giudici scritto da um avvocato”,
Livraria Clássica Editora, 6ª Ed. 1981, 17, Praça dos Restauradores – Lisboa),
no qual se lê na página 112:
“Certas pessoas de espírito e de bom apetite julgam que os médicos
foram criados não para ensinar a morigeração que conserva a saúde, mas para
descobrir remédios heróicos contra doenças produzidas pelos excessos e dar
assim aos seus fiéis clientes a receita para que possam beatamente continuar a
exceder-se. Da mesma forma há quem pense que a função do advogado não sociedade
não é aquela de manter seus clientes no caminho da legalidade, mas sim a de
inventar expedientes para reparar a má fé dos espertalhões e para, deste modo,
lhes permitir que continuem nas suas espertezas.”
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