domingo, 14 de outubro de 2012

“IN DELUBIO PRO REO” ?














Luiz Carlos Nogueira













No julgamento do mensalão tem gente se esforçando para mudar o brocardo jurídico “in dubio pro reo”, para “in Delubio pro reo”, como se fora uma paródia (ou trocadilho) do brocardo original, que significa: em caso de dúvida por insuficiência de provas, deve-se favorecer o réu.


Bom, há quem diga que no direito muitas vezes se caminha de acordo com o velho aforismo: "res judicata facit de albo nigrum, de quadratum rotundum", o que significa: a coisa julgada faz do branco o negro e, do quadrado o redondo. Só que isso acontecia no direito medieval, quando não havia segurança jurídica, não obstante os julgamentos fossem proferidos com fundamentos nas provas.


No caso das condenações já expressas nos votos da maioria dos ministros do STF, se fundamentaram em provas, que agora os mentores intelectuais, portanto, mandantes dos procedimentos subalternos daqueles componentes, ou executores do esquema do mensalão, querem livrar-se dos seus envolvimentos, para que a culpa recaia sobre os mais fracos do citado esquema?


É no mínimo esquisito que o deputado Roberto Jefferson tenha denunciado esse esquema de corrupção, sabendo que ele próprio sofreria um processo judicial, sujeitando à condenação por ter recebido dinheiro dessa sujeira toda, que querem chamar de “caixa dois”, como se isso também não fosse crime.


E os primeiros réus que foram condenados pelo STF, em face das provas trazidas aos autos? De onde veio o dinheiro para a compra da sua traição aos princípios da honradez a que deviam se pautar? Por acaso foi emitido pelo banco central do além e veio de trenó com o papai-noel? Ninguém mandou – ninguém viu – ninguém sabia de nada? O deputado Roberto Jefferson mentiu para se auto-sacanear?


Da forma que os “cavaleiros do apocalipse brasileiro” querem se livrar das condenações apenas afirmando que o mensalão nunca existiu, é simplesmente infantil, porque para isso só tem um jeito – fazer virar fumaça os autos do processo, que é composto de 234 volumes, que ao todo somam 50 mil páginas e mais 500 apensamentos.




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